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14 fevereiro, 2008

DEPOIS DO ALMOÇO. DOMINGO, 16 HORAS

ELE – [...] porque não existe amizade, ninguém tem amigos de verdade. Essas relações aí são mantidas porque nós temos necessidade de aprovação, de elogios; todo mundo quer que o outro o elogie. A amizade, na verdade, é uma grande merda.

ELA – Não seja tão amargo, queridinho. Falando assim você parece um menino mal criado. Um menino mimado, é isso. Você, sim, é carente de aprovação. Seja sincero, você fala isso da boca pra fora, não acredita em nada do que acabou de falar.

ELE – Por que você não vai à merda com esse seu discurso de mocinha inteligente? Não aceita uma opinião diferente da sua. Nunca aceitou. Toda vez que eu digo algo que vai contra o seu, ou melhor, a sua, digamos... visão de mundo, você parte pra ofensa pessoal. Sai dessa, menina. Se tem alguém mimado aqui, esse alguém é você. Filhinha de papai. [...] Sempre foi.

ELA – Quem está ofendendo quem? Eu só disse uma coisa que você mesmo já repetiu dezenas de vezes. Ontem quando o Lúcio chegou, você...

ELE – Eu quero que o Lúcio se foda... Eu quero que ele e a mulherzinha dele vão à merda.

ELA – Posso concluir? [...] Obrigado. Você apesar de mal humorado continua gentil. [...] Quando ele chegou você foi logo mostrando pra ele a notinha do jornal. Como se isso fosse a coisa mais importante do mundo, como se isso fosse...

ELE – Pra mim é importante. E pra você também, queridinha. O salmão grelhado com alcaparras que você enfiou na sua boquinha não caiu do céu nem foi ganhado. O pinot noir – “essa textura aveludada é tão persistente e longa...” – ele não sai pela torneira, fofinha. [...] A “notinha de jornal” tem a ver com a minha promoção, tem a ver com essa merda de apartamento, tem a ver com a porra do carro que tá lá na garagem, tem a ver com esse vestidinho novo... “Olha, Lúcio, gostou?” Escuta aqui, você acha que eu tenho ciúme do Lúcio ou coisa parecida? Você acha que eu ligo pro modo como ele fica olhando pra você, pro seu decote... Acha que eu não percebo essa merda de... como é que eu posso chamar isso... Namoro? Vá lá, “namoro” que você ficam fingindo que é de brincadeira? Qualé, menina, desencana... Eu já superei a minha adolescência. Ciúme não combina mais comigo.

ELA – [...]

ELE – [...]

ELA – [...]

ELE – [...]

ELA – [...] Acho que vou tomar um banho.

ELE – Acho que vou vomitar.

ELE – [...]

ELE – [...]

ELE – Piranha.

ELE – [...]

ELE – [...] Alô. Oi, Lúcio. [...] Agora? [...] Eu vou só trocar de roupa, então. Cê passa aqui? [...] Tá legal, vou falar com ela. [...] Outro! [...]

ELE – Bem!!! [...] Benhê!!!

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