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16 fevereiro, 2008

LOMBINHO A RAMIRES

LOMBINHO A RAMIRES

Dentre as melhores combinações da vida está a que une comida e futebol. Há pratos que têm o seu sabor modificado em função da dramaticidade da partida a que assistimos. Há pratos cujo sabor que estão associados a grandes vitórias ou a inesquecíveis derrotas dos nossos times preferidos.

O Brasil perder para a Itália em 1982 tem gosto de pipoca com cerveja. A derrota para a França em 98 me lembra feijoada. A Copa da Argentina me lembra rabada. E não é por causa do irrelevante 3º lugar do Brasil, “campeão moral”. É que minha mãe fez rabada no dia do primeiro jogo, aquele em que o juiz terminou o jogo com a bola no ar, depois de um escanteio. E o Zico marcou o gol. Marcou, mas não valeu. E depois o Peru ainda entregaria o jogo pra Argentina. Mas eu me lembro mesmo é da rabada.

Agora vamos às vitórias. 1970. Macarronada com queijo ralado, muito queijo como o meu pai gostava. Em 1994 o gosto é de pizza, com muito queijo como eu sempre gosto. 2002: pão de queijo. Tem uma outra lembrança aí, mas não é bem comida. Ou é?

Bom, futebol e comida andam juntos.

A primeira conquista do Cruzeiro na Libertadores (1976) eu comemorei na rua, comendo um pão molhado (pão com molho de salsicha), o pão molhado mais delicioso de todo o mundo. Já em 1997, o prato era costelinha de porco com mandioca. E couve. E cerveja gelada.

Futebol e comida. Eu não consigo separar uma coisa da outra. Todo jogo eu assisto com uma boa comida na mesa. Sei lá, vai que o jogo vai se tornar épico.

Por isso, a receita que eu apresento faz uma homenagem ao futebol. Mais especificamente a um jogador: o jovem Ramires, do Cruzeiro. Nas duas primeiras partidas do time pela Libertadores de 2008, Ramires foi implacável. Destruiu o time do Cerro Porteño com seu futebol desconcertante, marcou quatro gols – embora somente três tenham valido – sofreu um pênalti. Com apenas 20 anos, desponta como um jogador que poderá brilhar com a camisa da nossa seleção.

No terceiro jogo, lá estava o Ramires, magro, meio moleque, aparentemente franzino. E marcando mais um gol. Um jogador de retenção (volante) que marca tantos gols e se transforma no principal artilheiro da equipe, sempre merece louvor. A maioria dos volantes são umas antas. Não é o caso do Ramires. Ágil, veloz, técnico, raçudo, une aqueles ingredientes que o torcedor adora: entrega ao jogo sem perder a ginga. Lembra o melhor Toninho Cerezo. Ramires tem tudo para construir no coração de cada cruzeirense uma imagem restrita a um seleto grupo de jogadores e consagrar-se ao lado de craques como um Sorin, um Alex, um Ronaldo, um Dirceu Lopes, um Palhinha, um Douglas, um Tostão, um Nelinho, um Piazza. E (poucos) outros.

Preparei essa carne, pela primeira vez, em dezembro de 2007. Gostei do resultado. Aperfeiçoei e repeti a receita só para mim no dia do jogo do Cruzeiro contra o Cerro Porteño na estréia da Libertadores de 2008. Depois, mudando uma coisa aqui e outras ali, cheguei nessa que está aí embaixo, preparada para receber alguns amigos (coincidência ou não, o Cruzeiro jogava no dia). Chamei de Ramires. Pelos elogios recebidos, acho que o prato ficou digno de levar o nome do craque.

INGREDIENTES (ou seja, os pressupostos básicos que um craque deve ter, como talento, raça, rapidez, inteligência)

02 lombinhos de porco, também conhecido como filé suíno. (Assim como Ramires, quase não tem gordura. É nobre e pequena)

01 laranja

01 limão

01 pimenta malagueta

01 bom ramo de alecrim

Folhas de salsinha

04 dentes de alho picados

Pimenta malagueta moída

Sal (ou tempero pronto) a gosto

Imagine o Mineirão. Em dia de jogo. É a vasilha onde você vai temperar a carne.

Coloque os lombinhos numa vasilha Com uma faca pequena, faça furinhos na carne assim como Ramires faz furos na zaga adversária. É um jogador de muita movimentação e bem temperado. Nesses furos, coloque folhinhas de alecrim (o elemento surpresa, alguém que joga para defender, mas surge, de repente, na cara do goleiro. Amasse o alho, as pimentas e o sal. Em seguida, junte a salsinha picada e o alecrim. Um passe perfeito! Um grande lançamento. Agora é ir pra cima e colocar o atacante na cara do gol. Ou seja: passe a mistura na carne. Ela vai vibrar. Como a torcida na hora do gol).

Sobre os dois lombinhos, esprema a laranja e o limão – ou seja, o doce e o azedo, assim é o futebol de Ramires: doce como uma laranja para os cruzeirenses e azedo para os adversários; o limão é mais objetivo, a laranja mais subjetiva; o futebol de Ramires é o equilíbrio exato entre esses dois ingredientes importantes para a constituição de um craque.

Tempere as carnes e deixe reservado. O ideal é que fique assim por umas 6 horas. É o que podemos chamar de “concentração”. É o “antes” da partida. O cheiro é ótimo. Tem gente que não perde por nada essa parte. Mas treino é treino. E jogo é jogo.

Leve ao forno com a forma coberta com papel alumínio. Agora o time já está subindo o túnel. Expectativa e ansiedade. O cheiro é fantástico. A torcida chama o time. Valeu a pena esperar. O resultado é vitória.

Ramires, mais uma vez levantou a torcida. Coloque raminhos de salsa como se fossem louros na fronte de um herói. Rodelas de limão e laranja fazem parte da decoração. Parabéns. Agora é correr pro abraço.

3 comentários:

ANINHA VIEIRA - RS E COLABORADORES disse...

OLÁ JUVENAL

AGRADEÇO EM PRIMEIRO SUA VISITA E COMENTÁRIO NO BLOG CLARA NUNES DEUSA DOS ORIXÁS.

QUE EU ME LEMBRE CLARA , FOI APENAS A BANDEIRA DA PORTELA, EMBORA CLARINHA FOSSE MESMO APAIXONADA PELO CRUZEIRO, MAS VOU PROCURAR SABER E TE FALO, EU NÃO TENHO NENHUMA FOTO DO VELORIO, E TBM NÃO GOSTARIA DE TER,GOSTO DE LEBRAR DE MINHA CALRIDADE EMANANDO SUAS LUZES E SUA ALEGRIA.

NOS VISITE, SEMPRE TEM NOVIDADES SOBRE CLARIDADE, E SE TIVER ALGUMA MATERIA QUE FALE DE CLARA E DO CRUZEIRO É SO ME MANDAR QUE PUBLICAMOS NO BLOG OK?

ABRAÇOS E TANHA UM BELO DIA.

ANINHA VIEIRA

Kétlen disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Kétlen disse...

hahhahahhaha
Nanal você é uma peça!!
Adorei a receita!!
Parabéns pelo texto, ficou híper bacana!!
Saudações celeste, sempre ;D
Beijos