Hoje me lembrei de um livrinho bem interessante: a paródia editorial OS CEM MENORES CONTOS BRASILEIROS DO SÉCULO, bolada e organizada por Marcelino Freire, um agitador cultural de São Paulo.
Inspirado pelos CEM MELHORES CONTOS BRASILEIROS, Marcelino teve a idéia de desafiar escritores brasileiros a escreverem contos com, no máximo, 50 letras, sem contar título e pontuação. Gente de peso topou entrar na parada. No livros aparecem textos de Sérgio Sant'Anna, Dalton Trevisan, Sebastião Nunes, Millôr Fernandes, Laerte, Glauco Mattoso, Marcelo Coelho, entre muitos outros. O resultado - o livro todo pode ser lido em aproximadamente 15 minutos - traz algumas pérolas (e alguns cascalhos também!).
Sem a pretensão de escolher os melhores, veja alguns dos micro (ou seria melhor "nano") contos:
CRIAÇÃO
Tatiana Blum
No sétimo dia, Deus descansou. Quando acordou, já era tarde.
Suicidou-se puxando a descarga.
ESSA VIDA É UMA MERDA
Marcelo Barbão
Suicidou-se puxando a descarga.
(sem título)
Jorge Furtado
- Eu não te amo mais.
- O quê? Fale mais alto, a ligação está horrível.
- O quê? Fale mais alto, a ligação está horrível.
(sem título)
Dalton Trevisan
- Lá no caixão...
- Sim, paizinho.
- ... não deixe essa aí me beijar.
- Sim, paizinho.
- ... não deixe essa aí me beijar.
NO EMBALO DA REDE
Carlos Herculano Lopes
Vou, mas levo as crianças.
Não se enganem. Parece coisa simples, mas não é tanto assim. Acho que é num livro de Ezra Pound que li, certa vez, uma espécie de parábola japonesa em que um mestre explica a seu discípulo que "a poesia é a máxima síntese". Sintetizar é o mais difícil para um escritor. Dizer o máximo com o mínimo, é aí que está o busílis.
Lembro que, ao ler sobre o lançamento do livro e sua idéia original, consegui escrever um desses conto. Saiu na hora, sem maiores sacrifícios. Depois tentei escrever outros e não consegui. Pelo menos, não achei graça neles.
Então, meus amigos, meus inimigos, eis meu único nanoconto, síntese da síntese da síntese.
Quem se sete desafiado(a) a experimentar e criar também o(s) seu(s) nano(s)? Vai encarar? (Originais no link de comentários).
Não se enganem. Parece coisa simples, mas não é tanto assim. Acho que é num livro de Ezra Pound que li, certa vez, uma espécie de parábola japonesa em que um mestre explica a seu discípulo que "a poesia é a máxima síntese". Sintetizar é o mais difícil para um escritor. Dizer o máximo com o mínimo, é aí que está o busílis.
Lembro que, ao ler sobre o lançamento do livro e sua idéia original, consegui escrever um desses conto. Saiu na hora, sem maiores sacrifícios. Depois tentei escrever outros e não consegui. Pelo menos, não achei graça neles.
Então, meus amigos, meus inimigos, eis meu único nanoconto, síntese da síntese da síntese.
ANOTAÇÕES ALEATÓRIAS DE UM ESQUARTEJADOR
Juvenal Bernardes
Cabeça, tronco e membros. Não necessariamente nessa ordem.
Quem se sete desafiado(a) a experimentar e criar também o(s) seu(s) nano(s)? Vai encarar? (Originais no link de comentários).
Um comentário:
Como ninguém se aventura, eu mesmo faço.
Paciência tem limite
Riu quando o sangue do marido respingou na borda do vaso.
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