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24 novembro, 2009

William Shakespeare (tradução de Vasco Graça Moura)

De meu pensar és vida e alimento,
como brandos chuviscos para o chão
e pela paz que me és, qual avarento
a defender seus bens, eu luto então.
Ora ledo da posse, temo o perigo
de em breve a idade o seu ouro perder,
ora conto ficar a sós contigo,
melhor, de ver-me o mundo tal prazer.
Cheio às vezes da festa de te olhar
e logo de um olhar tendo mais fome,
sem ter ou perseguir outro manjar
salvo o que vem de ti ou eu te tome.

E jejuo e me enfarto a cada hora,
ou de tudo glutão, ou tudo fora.

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