Contando histórias, melhorando o mundo.

Imag <foo

16 dezembro, 2009

VERSOS ÍNTIMOS

AUGUSTO DOS ANJOS

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu AMO esse poema. Gostava de recitá-lo quando tinha uns 9 ou 10 anos e ficava encantada com todos aqueles sons e imagens que eu não entendia muito bem mas achava lindas...

Muito bom rever esse soneto e lembrar de quando eu era criança e lia Augusto dos Anjos...

NANAL BATATINHA disse...

Puxa, Bárbara!!! Que inveja.
Eu, com 9 ou 10 anos, ainda estava no Batatinha quando nasce.

Enquanto você já arrasava com Augusto dos Anjos.
Eu também AMO esse poema. Ele me lembra um amigo, antigo, que já foi pro andar de cima. E ficava repetindo os dois versos finais.

Valeu.