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04 março, 2008

"E POIS COM A NAU NO MAR..." (1)

O grande barato literário de Divinópolis atualmente é o BARKAÇA, um suplemento literário que revela o melhor rosto da poesia & cia. das novas gerações. Uma idéia simples e objetiva: divulgar poesia não necessita de malabarismos intelectuais & rodeios teóricos & cortes epistemológicos & “segundo Fulanô di Beltrã...”. Enfim: poesia é isso aí: palavras no papel. É tinta, sangue e papel. Claro, com uma boa dose de senso crítico, de dicção poética, de vontade de chutar a escrotal sacola do MESMO – esse colossal e lento paquiderme preguiçosamente estacionado, atravancando a entrada. Ou será a saída?

O certo é que BARKAÇA reuniu duas pontas desse emaranhado novelo que é a divulgação de literatura em Divinópolis: numa ponta, o incansável, persistente, sagaz e sempre atualizado CARLOS ANTÔNIO LOPES CORRÊA, estradeiro antigo, um cara para o qual a cidade deveria tirar o chapéu todos os dias; na outra, as novas caras, os caras novos: Luís Antônio Teixeira de Oliveira (quem?!?!?!?!?!?!?!), mais e melhor conhecido como MINGAU – essência, sustança e caldo grosso da melhor poesia da nossa terrinha hoje – e diOli, civilmente chamado David Willian, que dá o toque certo nas intervenções visuais, mistura poesia e imagem (o nome dele já diz isso: de olho em tudo, nos detalhes). E a turma que já está na BARKAÇA desde os Cadernos de Gaia, madeira na qual se talhou a nave atual: Michelly Eustáquia (prestem atenção nessa garota!), Tumati, Cochise César (outro que veio pra ficar, o cara é muito bom!!!), Karol Penido & outros que já pisaram este convés.

Do primeiro BARKAÇA, dedicado às relações intertextuais, às releituras paródicas e parafrásicas, pinço dois textos:

Poema de 3 faces só

Mingau

Que importa o conhaque?

A lua não é mais nem dos lobisomens

Quando nasci nenhum anjo olhou pro meu lado

pra dizer como eu seria

Agora é que você me aparece, anjo danado/

Vai catá coquinho na Bahia!

Eu já me virei sozinho

Carlos, Carlos

Vasto Carlos...

se te chamasses Raimundo

aí não tinha mesmo solução!

Soneto da ressonância

Lopes

palavra-quase-palavra não é palavra

palavra não é palavra-quase-palavra

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palavra-palavra quase não é palavra

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Neste número merece destaque também o SONETO PSICOATIVO, de diOli. Trata-se de um soneto visual (alô, moçada, manda uma cópia pra eu divulgar aqui!!!) super bem sacado, composto de 14 cápsulas de comprimidos dispostas na ordem clássica de um soneto à italiana. Um barato.

Já no BARKAÇA 2, o melhor de tudo é a historinha da capa. Muito bem sacada. Não sei se vai dar pra ler, mas as duas capas estão reproduzidas aí embaixo.

Força no remo, moçada. Vida longa ao BARKAÇA!

(1) “E, pois, com a nau no mar...” é o primeiro verso de Os Cantos, de Ezra Pound. Eu, juvenal (bernardes) copiei o Pound, que confessa ter copiado o Andreas Divus, que por sua vez, copiou o Homero, que copiou...

21 comentários:

Anônimo disse...

Verdadeiramente o BARKAÇA é uma ousadia simples de nossos escritores divinopolitanos! Creio que daqui alguns anos (não muito distante) falaremos de BARKAÇA como um movimento, tamanha a gradeza da poética que cada um fala do nosso cotidiano. Orgulho grande em ser desta terra!
Abraço grande
Cintia Teixeira

Anônimo disse...

Pois é, o BARKAÇA é bem recebido nos meios artísticos, o Nanal escreve no blog, o grande Márcio Almeida faz crítica favorável na Cronópios (OH!), os folhetos chegam na França e em Portugal...enquanto isso, a GERDAU dá 22 cadeiras de madeira nobre, estilo Luiz XV, no valor de 420 reais cada, para embelezar as reuniões festivas da Academia Divinopolitana de Letras. Só uma cadeira já é mais do que o BARKAÇA consegue de patrocínio por edição. Também a lei de incentivo à cultura aprova o ETA-BOI de novo, depois de já ser apresentado exaustivamente no ano passado quando tinha como empreendedor uma funcionária da Secretária de Cultura (cadê a ética?). São 18.000 reais. O Taquinho Santiago é aprovado pela quarta vez consecutiva. São mais 12.000 reais para matar de rir os contribuintes. Para piorar o Diário Oficial ilustra a matéria sobre os aprovados pela lei de incentivo com uma foto da TIA ELZA, que é um ícone da boemia e da cultura na cidade, mas lançou seu CD por conta própria, pois nunca foi aprovada pela lei. É brincadeira! Se fosse ela metia um processo na SEMEC. Só vale a pena navegar com o BARKAÇA nestas águas de mediocridade e hipocrisia porque há divinopolitanos moradores de Pasárgada, como o Bandeirola, seu autor, seus leitores e queridos alunos. Valeu Nanal.
Mingau

Anônimo disse...

eu não conheço o barkaca mas vi o mingau declamando poemas no dvd do kiko Lara e penso que deva ser muito bom. Como consigo o suplemento?

Anônimo disse...

Muito bem?
Bondade sua.Não faço versos como quem morre como Bandeira, nem como quem pensa com a emoção como Pessoa. Muito menos com a calma da noite como Cecília.
Talvez faça versos com meu tédio, falta de sentido, covardia.
Talvez faça versos com minha dúvidas e minha preguiça que não é paz nem calma.
Bondade sua...

Anônimo disse...

é muito bom ver pessoas novas além das novas que já conhecíamos e das antigas a quem já venerávamos. o BARKAÇA, e tudo que vier dele, será um soco na cara do "paquiderme" portador da "pasmacera culturar". só precisamos revitalizar a cena de arte em divinópolis. temos qualidade e público. só precisamos de nós. gritemos do alto do mastro: POETAS AO MAR!
juca

Anônimo disse...

Meu contato com o BARKAÇAfoi com o Mingau. Declamei o Poema dele (a paródia do soneto de fidelidade). Esse poema eu declamei num dos shows da minha banda BORBOLETA MECÂNICA, teatro e som, e o escambal, tudo mais que puder chacoalhar essa pasmacera culturar.
A questão é que a apresentação em questão, com o poema do mingau, foi feita numa escola pública da cidade e teve repercussão negativa inclusive entre alguns professores. Os alunos não gostaram do poema. Não entenderam o poema. Algo neles faltava para estarem prontos para o poema.
Fiquei preocupado.
Em outros shows, com público mais adulto, o poema foi aplaudido de pé.
A questão também é:
Será que a fiona flor da poesia divinopolitana deve ficar entre os que já a entendem, que podem digerí-la sem ter uma indigestão...ou devemos nos preocupar em "fortalecer" o estômago de quem não pode com pimenta?
Fiquei decepcionado com os alunos do segundo grau em divinópolis, eu que já trabalho com eles com audiovisual.
FRica aí o problema que vou ajudar o BARKAÇA a talvez solucionar. Esse problema de digestão.

Felipe Lacerda
espalhandocancer.blogs.sapo.pt

Anônimo disse...

Parabéns a todos os navegantes dessa barkaça (principalmente ao Marcelo Tumati e demais responsáveis pelo aspecto visual da segunda edição) Gostaria apenas de resalvar que não considero justo apontar culpados pela "pasmacera culturar" de Divinópolis, que incluse vem melhorando muito nestes últimos anos. Ocorrências como o barkaça não comprovam justamente isto?!

Anônimo disse...

discordo do último anônimo quando diz que a pasmacera culturar está melhorando. ela está sim melhorando, está ficando mais forte. uma prova é a calourada universitária unificada da cidade. absolutamente não há diversidade nas atrações. outro argumento é que uma cidade com dois cursos de comunicação não tem uma rádio universitária. há sim culpados e o problema é que estão posicionados estrategicamente (vide comentário do mingau). o que temos a fazer é revitalizar a cena. já disse, há qualidade e público. barkaça parece a mim um sopro de resistência contra o padrão idiotizante!
juca

Anônimo disse...

De fato nem sempre cabe buscar culpados de modo maniqueísta. Até porque a cultura de uma comunidade é da estatura espititual/intelectual exata dessa mesma comunidade. Mas não acho o barkaça fruto de melhoramentos(Houveram?). É mais reação que fruto. Isso tá na cara, na capa!
Pra quem perguntou: o barkaça não é um bem um suplemento pois não está vinculado a nenhum jornal e pode ser retirado gratuitamente na Boutique do Livro.

Mingau

Anônimo disse...

Procurar culpados?
Pra que?
Para descobrir que ele mora no espelho?
"Quem ocupa o trono tem culpa
Quem oculta o crime também
Quem duvida da vida tem culpa
Quem evita a dúvida também tem...tem"
Adicionaria aí a culpa de quem deixou de pregar no deserto e coisa e tal.
Acontece que é muito mais fácil procurar o culpado e continuar a levar a vida do que realmente pregar no deserto.

diOli disse...

Opa
o blog está muito bacana hein galera!!! Parabéns Nanal pelo blog!!! Vou começar a visitá-lo mais para melhorar meu português!
Pois é pessoas, acho válido que se critique construtivamente sim!!! Principalmente se podemos apontar outras possibilidades e propostas, como no caso das cadeiras da ADL! Poxa, uma Academia de Letras, aceitar que se gaste uma grana dessas com cadeiras!!! Será que não pensaram numa melhor aplicação do dinheiro, como por exemplo, vasos sanitários personalizados ou pinicos de ouro? Isso que seria uma boa aplicação para as escritas Candidés!!! hahahaha!!!! Mas falando sério... no Brasil? hahahaha!!! Enfim, uma vez perguntei ao Dieter o porque da Alemanha crescer tão rapidamente após a Guerra sendo que nossa terra brazilis, está capengando há 500 milanos, e ele me respondeu que parece que no braZil as pessoas certas nunca chegam aos cargos certos!!! Vide cargos públigos em Geral!!! é foda, aqui o que manda é o QI!!! hahahaha!!! âêí eu quero meu QI!!! hahahaha, afinal brazil, um país de tolos, digo todos!!! hahahaha!!!
Vamos criar um movimento, sinuoso-sexy-insinuante gente, e vamos votar pro Lopes secretário de curtura!!! Que pessoa dá tanto sangue e suor - literalmente - hoje, pela literatura e artes visuar divinóspita, do que ele? Eu, pessoalmente, desconheço outro!!!
abraço aos anônimos!!! hahahaha!!!

Anônimo disse...

Fico contente ao ler meu nome ser citado em textos que questionam a natureza política das coisas. Gosto de seres que pensam, agem e falam, mesmo que asneiras sem sentido para uns... como este pequeno trecho que deixo de minha memória, angustiada que quer mais, muito mais!

Anônimo disse...

acabei de perceber que o link para meu portifólio, na mensagem anterior, esta errado. Agora neste ta certo... Desculpem, falha técnica!

Anônimo disse...

saudade das suas aulas nanal...como pra isso não há remédio, me contento em ler seu blog!!! gostei do barkaça também, divertido!!!!!

super abraço!!!! (com esperanças de ser lembrada)

Anônimo disse...

saudade das suas aulas nanal...como pra isso não há remédio, me contento em ler seu blog!!! gostei do barkaça também, divertido!!!!!

super abraço!!!! (com esperanças de ser lembrada)

Anônimo disse...

Nanal, eu tive a alegria de ser professora de Luís Antônio (que eu não chamo de Mingau, porque acho um apelido muito "plasta" para uma figura tão genial!) e Cochise. São mesmo duas pérolas literárias, que, espero, tenham vindo para ficar. Vida longa ao Barkaça, que não mostra apenas que poesia são palavras no papel. Mostra que poesia é exposição de corpo e alma.
Abraço,
Miriam Hermeto

Anônimo disse...

acho que a Gerdau deveria doar umas cadeiras DeLux para ekipar o barkaça... motor de popa não precisa mêmo né? heheheh!!! já tem de sobra!!!!!! Daniel Mamá

NANAL BATATINHA disse...

Comentando os comentários:

1) Olá, Rafaela!!! Claro que eu me lembro de você! Saudade de ter você por lá, mas feliz por saber que você (e demais alunos) sempre ganham o mundo. Mas pode apostar: alguns (e você, por sua inteligência, sensibilidade, simpatia, educação &... está nessa turma) deixam marcas profundas no coração da gente. Beijão procê a apareça mais por aqui. Manda um email pra mim juvenalbernardes@uai.com.br

2) Pois é, Mirian... É uma felicidade a gente conhecer gente nova e tão produtiva como são Luís "Mingal" Antônio e Cochise. São uns caras assim que me fazem acreditar que a "luterária" (pra usar uma palavra do Márcio Almeida, presença marcante em meu blog) não é vã. Acho que é esse o sentido da literatura em tempos de globalização: possibilitar ao indivíduo um lugar no mundo, ser um espelho para o "humano-possível" que há (ainda?) em cada um de nós, vencer a insistente burrificação shoppingueira que tem precipitado milhares no abismo da estupideza. A gente vai sempre lutando.

3)As cadeiras doadas à Academia, acho uma iniciativa legal. Eu, particularmente, não me oponho a ações desse tipo. Afinal, por mais imortais que os escritores sejam, não há provas de que suas bundas estejam isentas do humano desconforto. As bundas não são imortais. Os "f" e "t" das palavras são como pregos a incomodá-las, já dizia o velho Cabral.

4) E a quem mais vier...

Nanal

Anônimo disse...

Grande Nanauara, eminente cacique da tribo dos Nanau Bunda de Fora. Aloha e sarava procê.

NANAL BATATINHA disse...

A única pessoa do mundo que me chama assim (CACIQUE NANAUARA BUNDA DE FORA) é o meu caríssimo cumpadi MANGUALDE!!!! Prazer ter a sua companhia por aqui, Manga!!! E quando nós teremos outra daquelas maravilhosas mesas de sushis & cia.?

Anônimo disse...

Hei Nanau, preciso mandar imagem como?
bueno